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"O Contabilista é Deus"

Deixo hoje aqui um artigo de Nuno Costa Santos, publicada na sua coluna "O marginal ameno" na Sábado da passada Quinta-Feira.

Hoje, quando uma pessoa está à rasca, não chama por Deus, chama pelo contabilista. O contabilista é a divindade contemporânea, a figura a quem recorremos quando estamos em apuros - e hoje é habitual estar-se em apuros, nesta altura em que não há "liquidez" para sustentar os avanços omnívoros das brigadas dos impostos.
O contabilista, ser transcendente, é muitas vezes enganado. Em cada ano fazemos-lhe promessas de organização de facturas que nunca cumprimos. Quando fazemos porcaria nas contas, quando nos querem tramar nos balcões ou inventamos modalidades novas nos honorários e descontos, pedimos cinco minutos para consultar o contabilista. E o contabilista, um técnico preparado para o assunto ou o primo que sempre foi melhor a matemática do que nós, dá a sua sentença vinda dos céus.


O contabilista também já é um psicólogo. Ouve as consequências amorosas de orçamentos em desequilíbrio. Cada falhanço na balança de pagamentos doméstica é um beijinho a menos, a inevitabilidade de um adeus, um nem eu nem tu temos dinheiro para o táxi e o melhor é darmos um tempo. Além de psicólogo, dá conselhos como um amigo de infância.
Uma estátua ao contabilista desconhecido. Um contabilista célebre para o Panteão. Façam alguma coisa, senhores. É urgente agradecer a quem nos anda a salvar.

Noutros países é já comum o contabilista ser também prestador de serviços das famílias, situação que, por cá, constitui mais a excepção do que a regra. Mas também isso parece estar a mudar. As decisões erradas em matéria fiscal ficam, as mais das vezes, mais caras que os honorários de um contabilista.